O Cão De Grim
Cai a noite e com ela a eterna escuridão
Se ouve o chirriar do ególio cansado
Sobre o jornal no velho balcão
Onde o mesmo jaz empoeirado
Ao lado, uma taça de vinho bordô importado
Deixando ao balcão, a circunferência
Ao fundo que ficou molhado
Com a umidade causando aderência
Logo se nota o copo quebrado
E o vinho caído no chão
Mas o dono da casa nunca foi encontrado
Somente se ouvia o ladrar de um cão
Que na fria madrugada gemia
Uivando como um lupino
Que pra lua berrava e gania
Num agudo bradante repentino
A vizinhança, de medo tremia
E a porta então se trancava
Com o barulho ninguém dormia
Até que ele parava
E ao raiar do dia
A pegada se encontrava
Marcas da pata de um cão que corria
E ao seu lado alguém caminhava
Era o presságio do fim
O povo já comentava
Pois seria o cão de Grim
Que na redondeza uivava
O bispo já respondia
Preparem-se que a morte vem vindo
O povo de medo, tremia
Ninguém mais estava dormindo
Talvez o dono da casa então
Que nunca mais foi encontrado
Fora visitado pelo cão
E pela morte fora levado
Deixando somente no balcão
A pilha de jornal empoeirado
E o vinho caído no chão
Junto ao copo quebrado
Ninguém soube do seu paradeiro
E até hoje fica a incerteza
Mas quando se ouve o ganir do cão mensageiro
Sabe-se que terá uma surpresa
Pois é o anúncio da morte
Que faz aqui sua presença
Ao soar do agudo tão forte
No gemido do cão desta crença
Se ouvir na madrugada um cão uivando
Sugiro que não vá procurar
Pois o anjo da morte vai acabar encontrando
E tenho certeza que tu não vai gostar