Dentes-de-leão

Compositor do som mudo,

das bocas caladas,

dos instrumentos sem som...

Choro de olhos secos.

Já disse Vinícius,

que o poeta só é grande se sofrer.

Quanta beleza esculpida

nestas escritas fugidas

da prisão de minha mente.

Fogem palavras,

voam sementes quais dentes-de-leão e,

vêm germinar neste solo...

Dizem que o escritor gera cultura, mas

para mim, é a cultura quem gera o escritor!

E vivemos desta simbiose: eu e o poema!

Somos irmãs,

talvez até almas gêmeas.

Repartimos esta tristeza, esta dor,

tanta tormenta...

Não suporto o peso deste mundo

sobre meus ombros.

Sou o vazio deste pranto em vão.

Sou poeta e não sou nada sem você!

Tenho o poder de criar

e destruir toda razão que há pra viver!

Noites em claro,

braços abertos,

olhos atentos na madrugada...

e a caneta desliza, escrevendo as ondas do mar!

E tudo se resume a pó...

o sopro do vento

há de me levar

nestas grandes partidas,

que ferem e matam a gente!

Um dia, de repente,

ficarão somente as gaivotas

voando no céu tão lindas...

nada mais de pés na areia,

nem de flores brotando no campo!

Findará a caneta o seu verso.

Uma nota apagada no rodapé de uma página:

ali jaz minha inspiração!