E... Q... M (experiência de quase morte)
E. Q. M
Pi… pi… pi… piiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiii
_ Desfibrilador por favor. Afastem.
Pressão arterial caindo, frequência cardíaca desnivelado, saturação baixando.
Estamos perdendo ela.
_ Ok… ministra mais 30 ml de adrenalina endovenosa…
- Dra. ela está morrendo…
_ Desfibrilador… aumenta carga. Agora. Afastem.
Pausa…………………………………………………………………………………………………………………….
_ Eita piula. Aquela sou eu? Parece que eu estou morta. Quanta gente! Um desespero só. Estou fora do meu corpo. Por que eu os vejo e eles não me veem? Nem se quer notam minha presença. Ou ausência. Sei lá!... Sinto frio e se eles continuarem dando choque no meu corpo, vai terminar é pegando fogo.
Pausa……………………………………………………………………………………………………………………..
_ Dra… P.A subindo, frequência cardíaca normalizando, oxigenação estabilizando. O coração está respondendo bem. (Palmas) Ela está de volta.
_ Vamos lá equipe. Hoje está proibido perder alguém. Vamos mantê-la sedada e entubada. Vamos ver como ela se comporta nas próximas horas.
_ Veja só! Estão querendo me colocar para dormir. Mas, Afinal: estou viva ou morta?
Sei lá. Parece que eu tive um sonho e agora estou voltando para meu corpo. Ele agora está quentinho. Interessante. Tive a sensação que me desprendi do meu corpo e quando estava experimentando uma paz infinita e quase galgando o degrau da luz brilhante, me trouxeram de volta. Eu não queria voltar. Estava envolta numa áurea cintilante… numa luz magnífica. Será que era o céu? Mas não tinha ninguém além de mim. Já que é para dormir, vou aproveitar e entrar nessa luz.
De repente, uma voz…
_ Pare!...
_ Quem é você?
_ Eu!...
Respondeu a voz.
_ Sou sua consciência.
_ E o que aconteceu conosco? Por que não posso adentrar-me na belíssima luz?
_ Não é sua hora!...
_ Afinal, o que sucedeu comigo?
_ Uma E.Q.M.
_ O quê?
_ Uma experiência de quase morte.
_ Eita… estou voltando, estou acordando.
_ Que susto você nos deu.
_ Pois para mim foi um belíssimo sono.
_ Pois bela adormecida. Seja bem vinda e prepare-se: sua viagem ainda nem começou. Quimioterapia à vista. Recuperar-se porque operamos seu pulmão e agora precisa se livrar desses drenos.
_ Danou-se: quer dizer que eu quase morri?
_ Quase… no entanto viva está. E a regra é essa: morrer é fato. Viver é um direito a se conquistar.
_ E a luz radiante?
_ Que luz?
_ Deixa para lá… vou curtir o sol e a lua.
Universo… seu nome é Maria.
Eugênio Costa Mimoso.
24.07.22