Cova Celeste
Cavei,
cavei,
cavei,
e voltei a cavar.
Da porção de terra que abri,
sai no céu,
aonde o breu de Nyx,
parou por seu véu.
Que era de todo,
estelar.
Da porção de Terra,
cai no Abismo.
Caí no céu,
estelar!
Aonde era perto do Abismo,
aonde Caos, à repousar!
Minha queda no Abismo,
quanto mais profundo,
mais escurecido,
vinha à se tornar.
Desloquei- me de Gaia.
Desloquei- me de Uranos.
Desloquei- me de Nyx.
A queda era irregular.
Caí no mar sem praia,
aonde nada iria me salvar,
era escuro,
solitário e vazio.
Era frio,
esquecido,
como uma concha,
meu corpo a se fechar.
Minha alma dá Adeus,
me torno um polvo,
aonde meus ossos,
se transformam em concha no mar.
Meu coração bate,
meu coração bate,
no vazio imensurável,
do mar.
É o desejo,
é o amor,
é o calor,
é o fulgor.
A espuma,
se espalha,
naquele cenário de morte e vida,
criaturas estranhas me fascinam.
Agora vejo no escuro,
agora estou no mar profundo,
agora sou criatura,
do mar.
Morro,
morri,
incenso de mirra,
cobre e afins.
Meu corpo tentacular,
que brilha,
como cobre,
no fundo do mar!
Iludidos,
por riquezas e ouro,
venham a procurar,
ao doce abraço de Thanatos vou mandar.
Sou a beleza sinistra,
na imensidão,
infinita,
aonde os olhos repousar.
Eu sou Peitho,
a quem a vida,
com promessas divinas,
levo ao fundo do mar.
Ao qual Epipontia,
ao ver as riquezas,
com amor persuadidas,
irá amar.
Sou a criatura ctonica,
que em meu estômago,
gero a pérola,
mais bela do mar.
Ao qual dela,
futuramente,
irei de novo,
me transformar.
Naquele que vai com Zéfiro,
anda por Gaia,
repousa em Júpiter,
e em Uranos vêm a estar.
Mais atualmente,
sou o Ser bizarro,
que se esconde,
no fundo do mar.