Quando parte um artista

Quando parte um artista

Eu não sei se é triste,

Quando o corpo morre,

Quem vive da alegria;

Ou se, quando escorre

Pela vertigem da alma

De um palhaço, a dor,

Pelo silêncio das palmas,

Seja capaz de conter

O condão que ele tem

De chorar sem transparecer.

Mas, quando se descarta

D'alma a carne vazia,

No seu ventre materno

A terra dela se sacia,

Suplanta e engravida,

Renascendo, ao final,

Como a fênix, o artista,

Pela obra imortal.