Um emprego no vazio
Mario Luiz Machado
Pontal/SP
Poesia escrita no dia 22/07/1981 e lançado no dia 16/09/2019 no livro “A restituição do amor”.
Olhando pela janela do meu carro,
Paro no pensamento.
Vendo a neblina tão espessa.
Formando imagens nos acostamentos.
Numa delas vejo você,
Tão feliz e sorridente
Acenando para mim.
Não sei se é dando adeus de momento.
Ou uma partida para sempre
Mas na próxima curva eu desperto.
Vendo no asfalto a realidade
Tudo não passa de ficção!
Perturbando é certo,
A minha verdade.
Estou indo, mas sei que volto
Em teus braços, quero sonhar
Esquecer os maus bocados
Viver contente, em delirar
O tempo passa; isto eu sinto
Vendo no rosto uma espinha
A barba cresce como se fosse aviso
Mostrando — me para não parar
Pois, o tempo não volta nunca
A felicidade não pode esperar.
Der repente eu paro
Já chegado no meu destino
Desço do carro meio zonzo
Quase nem percebendo a minha chegada
Com o olhar no infinito
Olhando para minha morada,
Casa triste e solitária
Tão quieta e tão gelada.
Até parece que ela ao me ver chegar
Tenta em vão se comunicar
Mas o que ouço é só um rangido
Que faz a porta ao empurrar.
Entro, olho para o recinto
As camas, o guarda-roupa
Tudo o mais acomodado;
A poeira no chão,
A teia de aranha no telhado
A janela semi — aberta
Que com o tempo
Não fecha direito.
A televisão tão muda
No cantinho a esperar.
E a poltrona tão gelada
Quase chego a arrepiar
Oh! Meu Deus!!!
O que é isto?
Até quando vou aguentar?
Se a saudade é dolorida
O que eu sinto é de amargar
Ver a casa assim é tão esquisito
Quase me obriga a voltar!...
Mas do que me adianta
Se tenho de continuar
A vida não é um mar de rosas
Mas um dia pode melhorar.
A esperança é a última que morre
E enquanto tiver vida
Por ela pode esperar
Sei que a vida é assim
Quando menos se espera
Algo pode acontecer
E a tristeza que em mim destila,
Pode um dia desaparecer
E a alegria que se escondia
Pode então aparecer.
E a felicidade que estava tão desligada
Minha amiga vai ter que ser
E aquela por quem espero
Ainda vai me pertencer
E aquela casa que tanto dá calafrios
Vai ficar limpa e se aquecer
E a saudade vai embora para sempre
E feliz da vida, vamos viver!