ATROPELAMENTO
( Ainda impedido de escrever em razão de cuidados com cirurgia de catarata, vai um texto antigo)
ATROPELAMENTO
Numa esquina da Avenida Paraguaçu
tinha um corpo estendido no chão
tingindo de vermelho o asfalto quente!!!
Tingindo de vermelho o asfalto quente,
Tinha um corpo estendido no chão
Numa esquina da Paraguaçu!!!
Será que alguma mulher,
Num fim de tarde qualquer,
vai chorar, a sua ausência,
Sabendo que ele não volta,
Porque agora é um corpo morto,
Estendido no chão,
Tingindo de vermelho o asfalto quente?
Será que algum filho, em alguma manhã
Vai sentir que sua mão antes presente
Em carinhos e afetos,
Faz parte, agora, de um corpo morto estendido
No chão, tingindo de vermelho o asfalto quente?
Será que em algum bar, desta cidade,
Existirão amigos para tomar um trago,
Em memória de quem é, agora,
Um corpo morto estendido no chão e que tinge,
De vermelho o asfalto quente?
Nem mulher, nem filho, nem amigos,
Vão chorar por ele, que é agora,
Um corpo morto estendido do no chão.
Porque não tem mulher, não tem amigos,
Não tem filhos e não tem pais...
Só o que tinha era a miserável vida,
Que jaz, agora, como um corpo morto
Estendido no chão.
Ele agora é um corpo morto estendido no chão
E suja de vermelho o asfalto quente,
Por onde, poderão passar tranquilos
No inverno - os carros dos moradores,
E no verão - os carros dos veranistas,
Que não mais serão molestados,
Para dar esmolas,
Por um corpo morto, estendido no chão
Que tinge de vermelho o asfalto quente,
Da movimentada avenida Paraguaçu!!!
(Capão Novo 10.12.2008)