E NO FIM...
E no fim...
Tudo foi passageiro
Rápido foi o passarinho
Não quem chegou em primeiro
Que ousou da liberdade para voar
Mesmo tão alto lá do seu ninho
Não usou as penas como boá
Mas viveu feito menino
Da madeira fez casa
Sua morada era jacarandá
Se sobrou virou banco de praça
E lá no teu campo ele foi farfalhar
E você que o desejou numa gaiola
Para poder ornar sua feia vidraça
E ouvir o triste trinar na aurora
Recluso no leito de argamassa
Enquanto houve sol
Você procurou a sombra
Achou protegido com aerossol
E o teu relógio agora era a bomba
Ele não quis aprender o seu dialeto
Pois se até peixe morre no anzol
O que caberia a mim de certo
Lá no céu sem o arrebol
O teu não terá o bastante
Mas a gaveta será de concreto
Tua história não será um romance
O personagem terá destino funesto
E no fim?
Seremos estrangeiros...
Morando no mesmo lugar
E sorvendo aos poucos!