A vida anoitece...

Oh, Senhor dos Destinos,

dizei-me (se tal honra

mereço, hei de ouvir-Te):

Quando nossos sonhos fenecem,

Senhor, não é certo crer

que chegado ao fim

nossa vida anoitece?

Quando qual dura lança

a vida fere docemente,

devo eu, pobre ser

agora padecente,

sorrir do meu triste fim?

Que faço agora

quando não ouço

Tuas respostas?

Devo rogar Teu perdão Divino

pela pretensão tamanha

de falar-Te, Senhor?

Esta vida lança forte....

dor contundente...

e meus sonhos, Senhor,

meus sonhos fenecem!

E agora, Senhor,

rogo a Ti,

que aos loucos ouves atentamente,

rogo Teu perdão

e espero por ele

a cada segundo,,,,

Espero a morte

de braços abertos...

de braços abertos, Senhor!

De braços abertos,

Te pergunto novamente:

Chegado ao fim

nossa vida anoitece?

E a felicidade, Senhor?

Não é o que nos reserva o Destino?

Ou será isso que agora tenho?

Tenho uma dor profunda,

olhos secos como no deserto

e minha vida está deserta

como tudo — que ridículo —

como tudo, que tenho!

Desculpe-me....

perdoe-me, Te imploro,

a esta poetisa que ousou

escrever estes versos!

Sei que Tu ouvistes...

ouves aos loucos atentamente!

Rogo Teu perdão, Senhor!

Espero a morte

de braços abertos...

e olhando o céu

eu Te digo:

neste segundo, minha vida, anoitece!

MÁRCIO (Espírito). "A vida anoitece..." Psicografado por Valeska Caffarena