Deixando-se levar
Sentindo a brisa do fim da tarde,
Com os pés na terra húmida
Caminha decidida para o rio.
Entra e deixa-se levar.
Sente o frio que corta a respiração
E lhe gela o corpo.
Ouve atrás de si uma voz cortante a gritar o seu nome.
Mas não escuta. Não quer escutar.
Espera que a água lave a alma
E leve para longe toda a ansiedade e angústia.
Naquele momento sente-se parte da natureza.
Sente o frio, mas já não incomoda.
Não luta contra a correnteza,
Apenas se deixa levar.
Sente-se parte do rio -
Uma onda pequena e forte.
Olha fixamente para o céu...
Até afundar.
Agora apenas vê água a todo o redor.
Não sente medo,
Apenas paz.
Sabendo que com a correnteza segue também toda a tristeza.
E já não sente mais nada. Já não resta mais nada.