Primeiro, foi a lágrima
a percorrer o rosto numa reta encurvada.
Depois, foi o corpo se encurvando.

 

As mãos unidas em prece.
O mantra do Pai Nosso.
E, a solidão que é atravessar 
um deserto em absoluto silêncio.

 

Era preciso cultuar a morte.
O velório.
O luto.

 

E, aquela vontade de correr e
sair da cena... mas ela já tinha
entrada dentro dos nervos.
E, eletrocutavam todos os pensamento.

 

Depois, vem a santificação do defunto.
Promovido por qualidades existentes ou não.
Alguns amigos e parentes.
O pranto contido na garganta

 

E, ainda o discurso da despedida.

Uma flor.
uma pétala
A última primavera.
E, a morte é o derradeiro outono.
Frutificam os pensamentos.
Fertilizam-se os espíritos.

 

Primeiro, foi a lágrima a rolar...
Depois foi o silêncio a selar tudo.

E o resto é apenas o silêncio.

 

GiseleLeite
Enviado por GiseleLeite em 08/04/2024
Reeditado em 21/05/2024
Código do texto: T8037035
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