197°
Um dia sem entender a vida
Encontrei a dita morte na esquina
Fui com meu ideal de poeta
E escrevi o meu próprio infortúnio
Um discípulo da escuridão
Um iconoclasta das obras não feitas
Um cidadão que não vota e não volta
Negando toda a minha existência
Entrei num martírio da escrita
Contemplando a minha angustia
Com poemas que não são vendidos
Estou vendo o espetáculo
Da barbaridade que é a vida
Da serenidade que é a morte
Não acredito na dita sorte
Sou um sujeito debaixo da ponte
Esperando o trem passar.
Otreblig Solrac - O poeta burro