Hipócrita Divino XX: Morte Prematura

Oh céu estrelado,

De astros nomeados,

Dá-me passo,

Desfaz o embaraço.

Do pináculo deste monte,

Surge monte de perguntas,

Antes que eu desmonte,

Libera-me de tuas dunas.

Pai Celeste, O Onisciente,

Responda este valente,

Sobre sua própria mente,

Que não seja friamente.

É errado buscar os céus,

Por uma morte prematura,

Rasgar-me as vestes,

Por uma vida que não se atura?

Que angústia é a dádiva de viver,

Hipócrita por querer morrer,

Porventura são minhas ações?

Ou consequência de minhas canções?

Desprazer define a vida,

Como um estômago ansioso,

Não queria essa dívida,

Não queria esse gosto.

Sou teu servo,

Mas dá um nervo,

Consideras oração,

Ou reclamação?

Qual o preço da minha aflição.

Vivo angustiado,

Desejando ser ceifado,

Recolhido, amado,

Desperdício de tato.

Grito e não há eco,

Tuas paredes não são lar,

Nesse tufão seco,

Ei de contestar.

Sou teu campeão?

Peça de tabuleiro?

Na luta me fazem armação,

Sou mesmo seu melhor guerreiro?

Rastejo,

Como cobra na areia,

Percevejo,

Sou indigno da tua ceia.

Canso-me, me comovo,

Exausto e ansioso,

Faz renovo,

Vou me perder de novo.

Já não me agrado,

Não é costume,

Estou cansado,

Não sou cardume.

Me atrai logo, colecionadora,

Me sele no jarro,

Seja minha redentora,

Do pó depois do barro.

Teu servo quer ir,

Simplesmente sumir,

Não reviver desgosto,

Que não chegue a agosto.

Tua benevolência,

Só vi violência,

Um filho não entende o pai,

Mas amai.

Teu propósito, meu hino,

Do teu sino, eu assino,

Um minuto da sua atenção,

De mim, um milhão.

Vivo para a glória,

Mesmo sendo escória,

Não arrependo,

Acabe o juramento.

Peço o quanto atura,

Me traria morte pura?

Me abençoe,

Por mais que doe.

Não fui o melhor,

Talvez sou o pior,

Mas isso eu não mereço,

Tuto tem seu preço.

E desta vez,

Por uma só vez,

Não terá apreço,

Dessa vez,

Eu desapareço.