TRIBUTO
Hoje sei, não morri ontem
Vivo estou ainda agora
Amanhã, não me contem
Ninguém sabe a nossa hora.
O que vivi aínda é insuficiente
Não almejo louros e glórias
Muito tenho em minha mente
Quero ainda viver muitas histórias.
Vivemos momentos absolutos
Você que me estima de verdade,
Quando morrer não quero tributos
Basta o silêncio, não quero alarde.
Longe de receber homenagem
Nao sofra, não sinta saudade
Afinal é apenas uma viagem
Da qual partiremos, cedo ou tarde.
Estamos todos fadados ao óbito
Seja pobre, rico, ou o remediado
Todos se vão, do péssimo ao ótimo
Não escapa o certo e nem o errado.
Serei mais uma estrela no universo
Habitando o mundo da eternidade
Transformado em rimas de um verso, Sonhando sonhos de verdade
Não quero ser nome de avenida
Isso não tem a menor graça
Rogo dignidade após vida
Sem ser referência de uma praça.
Vista-me e esqueça o luto
Não dispense o meu terno novo
O final aqui é certo, é resoluto
Mereço chegar lá bem garboso
Algo ainda eu te peço
Dispenso choro, flores e velas
Na cabeceira do meu leito
Um quadro com a foto dela.
Ao lado do meu corpo inerte,
Enquanto o espírito dele se separa,
Antes que a alma por lá desperte,
Ligue o som com as canções do Taiguara.