CONCHA
Existi
Caí por tantas vezes
Me quebraram
E de aço, na verdade, um titânio
Eles me remendaram
Endureci na aspereza da terra
De basalto era...
Um barro vermelho
Sou daquelas, da cor que impregna!
E nada tira
Marcada estou.
Por ser morena, (mas...)
Uma mulher de cor!
_Como, por quê?
Me julgariam
O medo gritava, ecoava
Como Van Gogh fez
Grito calada
Ninguém sabe, ninguém vê
A lágrima no Pai Nosso
De cada dia, me dai hoje
A boa Morte!
Disse-me ela
Aquela que invoquei:
_Tirei-te o viço, tirei-te a luz"
Que jamais darei...
Fechada, encapsulada
Nenhum grão em mim entrará
Nenhum amor
Nem decepção
Vendo o último raio
Tudo vai ficando mais turvo
Assim me fecho deixando
Que as águas me levem
Para bem longe, bem longe
De mim.