Funerais
Eu vi minha face no espelho
Não reconheço mais esse ser
Morri mais uma vez sem conselho
Morri hoje cedo sem perceber.
Não é de hoje que eu morro
Morri quando menino e também rapaz
Me mato num mato sem cachorro
Meu Deus, como fui capaz?
Eu sempre morro pra melhorar
Morro querendo inventar
Morro sem pedir socorro
Sem lágrimas pra chorar.
Morro tentando entender
Morro na mudança das estações
Talvez eu morra pra não sofrer
Pra cantar novas canções.
Morro quando faz sol
Ou mesmo quando a chuva cai
Morro nos primeiros encontros
Na despedida de quem se vai.
Morro por um amor
Quem sabe até por dois
Talvez morra de novo hoje
Amanhã ou depois...
Morro de empatia
Morro também de euforia
Às vezes sem simpatia
Morro pra viver mais um dia.
Eu morro ao acordar
Morro quando me deito
Eu morro à minha maneira...
Morro sempre do meu jeito.