O beijo da morte

Apossado de rotina entediante

Andava lamentando a viver a

Tão árdua e agitada vida

Estando insatisfeito devido

Ao estado desconsolado quanto desanimador

Pretendia fazer o meu coração angustiante

Abdicar do direito à vida

Decidido após um dia vindo do trabalho

Ao chegar em casa

Se dirigir ao dormitório dos meu descanso

Gritei, berrei e espernei minha tristeza

Abatido, clamei a Dona Morte

Para vim abater-me sem menor piedade

Pois odiava a vida

Senti o peso solitário

Sem nenhuma companhia amorosa

E afetiva a acalmar meu ser agitado

Naquela mesma noite

O pensamento malvado contra mim

Se desfez como nuvens escuras

Dissipadas devido ao surgimento

Da luz do sol dando luz viva

Fui a sala apenas para ouvir

As boas canções da rádio

Entoando a bela Bossa-Nova

Qual me mantinha interessado em viver

Quando ouvia a canção Chega de Saudade

Ouvir batidas na porta

Indaguei quem seria naquela

Hora nada oportuna

A visitar-me durante o meu relaxamento

Certa voz feminina chamou-me pelo nome

Ainda sem entender

Decidir atender para satisfazer

A curiosidade inquietante

Foi quando me deparei com uma mulher

De boa aparência

Mas os olhos negros profundos

E o vestido escuro como a densa noite

Deixou-me estranhamente surpreso

Os lábios tinham expressão encantadora

Num sorriso misteriosamente fechado

Ela me ofereceu a mão a me cumprimentar

Aceitei a oferta

Foi quando no momento

Senti o aperto de mão fria dela

Juro pelo céus sem mentir

Percebi o arrepio gelando temporariamente

No meu peito

Depois de liberar minha mão

Falou-me numa voz mansa

"Pois não, querido. Estou aqui"

"O que? "Indaguei a visitante

" Não entendo. Não te conheço".

Mas você não chamou a morte

A pouco tempo?" Perguntei. "Estou aqui".

Fiquei pasmo

Mas depois pensei

Pura loucura

"Dúvidas da minha existência"?

"Eu não sei quem é você" repliquei

Querendo convecer-me sobre sua

Sinistra identidade disse

Para eu olhar profundamente nos olhos dela

De repente seu olhar

Exibia tons avermelhados fortes

Como labaredas infernais

Pude ver detrás daquela visão surreal

Como se bilhões e bilhões de almas

Estivessem adentrando em largos portões

Rumo a sombria escuridão

Ela falou que aquele era a representação

Do Hades

Destinado aos pecadores e ingratos a vida

Fiquei pasmo de imenso terror

Aproveitando disso

A mulher tocou ambas mãos gélidas

No meu rosto

Acariciou a superfície da minha pele

Soprou o hálito gélido

Mas ao mesmo tempo

Tinha o gosto agradável de hortelã

Com o desconhecido e doce aroma

Nunca sentido por nenhum olfato humano

Mas suave e delicioso

Em silêncio,beijou-me

Encostou seus lábios nos meus

Durante alguns segundos

Depois me disse sorrindo

" A sua hora não é chegada

O destino está ao seu lado.

Te buscarei na velhice

"Aproveite enquanto vives,

Jovem bonito"

Terminando de falar

Se dissipou numa fumaça escura

Transformou-se num majestoso corvo

Partiu rumo a janela aberta da sala a noite

Sem nunca mais surgir novamente

Perante os meus olhos

Nunca mais encontrei a fatal fêmea

Mas sim um amor

Qual nunca antes

Imaginei encontrar

M N Salomão
Enviado por M N Salomão em 15/12/2023
Reeditado em 17/05/2024
Código do texto: T7954955
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