O poeta ou o extremófilo

Fazer bater o coração,

foi a promessa que me fiz.

Fazer surgir as ilusões,

como quem fia à roca um bordado.

Fazer do nada o amor-próprio

e do peito tirar a ânsia,

a vontade de viver,

o amor,

o ódio.

Fazer bater o coração,

reavivar,

excitar o hoje,

entender, enfim, que não é preciso muito

– o meu amor me basta.

Fazer bater o coração,

ainda que doa.

Dizer “Não!” à voz suicida,

ainda que se sofra.

Fazer bater o coração,

a cada segundo.

Manter esta máquina viva!