ÉTER-NA MÃE
Tudo ficou pálido tão de repente
Arrancaram a página de meu destino
Dentro dela meu casulo antes de ter rosto fui semente
Agora murcha está a flor e eu ferido pela dor do espinho...
O sol com teu chamado perdeu seu arco dourado
O arco-íris se acinzentou a cor se elucubrou
O pássaro entona o outono, fúnebre trinado
Resta a saudade despetalada, choro do que restou...
E tudo agora é tão pouco
Que na fartura deste mundo
Diante da fatura de teu silencio profundo
Como filho teu me sinto quebrado troco...
Mais logo virá a afável primavera
Sua alegria contagiante sempre nos inebriou
A tristeza é uma princesa adormecida em sua quimera
Em breve acordará fada que do leve sono despertou...
Sempre alegre cheia de formosura
Ficará na memória do tempo eterna escritura
Teu lindo olhar verdejante águas de maresia
E o sorriso de menina cheia de paz e candura
Receberás em teu espírito cura e lenimento de poesia
Minha nobre mãezinha, minha estrela
Minha Maria do céu se avizinha
Brilha angelical Emília divina centelha
Estás agora em porto seguro com nossa outra Rainha...
A terra recebe a todos é sua missão
A tudo transforma e transmigra
Recebe minha mãe mão amiga que em parte leva meu coração
Deus nos console para que o curso do destino se siga...
Partiu antes de nós abrindo novos caminhos
Fostes felizes em vida graças ao inefável criador
Sempre tiveste e sempre terás nosso amor
Serás conteúdo de lembranças edulcorado licor...
Obrigado mãezinha por tudo
Por ter nos tornado carne de tua carne sobressalente
Te amamos no sentido mais agudo
Sobretudo, porque apenas partistes antes da gente...
A mãe deste mundo nunca estará morta
Principalmente as que deram à luz humanos seres
Pra elas o céu interregno não tem porta
E seguirá livre de seus afazeres
Obrigado Deus por ter tirado nossas nódoas nos doando
Esta mãe que nos amou com tanto carinho e zelo
Sei que agora ela está em seus braços de luz se enovelando
E se funde ao senhor sob a cúspide de teu cuidado esmero...
Aprendi que mãe não morre nunca
Nem nesta e nem em outra vida
Apenas se reparte antes como conta conjunta
Para nos estender a mão no precipitar da subida...
*Nossa mãezinha querida tão longe e tão perto
Decerto, que apenas se despiu da pesada carne
Agora é leve centelha divina revivida
Em cada batida de nosso coração
Sempre estará ecoando uma doce canção
De uma infinita saudade e uma eterna recordação...
Descansa em paz nossa amantíssima mãe Maria Emilia (Baby).
Amém! (1942-2023) +12.11.23+