Desaparecidos

O panfleto anunciava

Dois sorrisos estampados

Com um número atrelado

Ligue-já

Engoliu a seco

Com um nó na garganta

A batida do coração calado

Tímido, instrospecto

O silêncio do seu nome

E se aquietou

Não porque estava calmo...

Mas porque não conseguia mais

Andava por cada canto

Olhava por cada esquina

Quem sabe em qual rua ela estará?

E com o peito já dolorido de saudade

E as pernas cansadas dessa eterna busca

Decidiu então, se sentar

Avistou de longe...

Um poeta.

E observou com cuidado

Cada palavra

E de súbito surgiu, em sua cabeça

A dúvida

Por onde andei todo esse tempo?

De que maneira cheguei até aqui?

As ruas uniformes ficaram tortuosas

As placas embaçadas, a cidade vazia

E todos os outdoors tinham aquele rosto

E os olhos me seguiam

E os olhos dela seguiam o coração ferido

E é complicado perceber que só você se machucou

E por tão pouco

E sim, pra você foi o mundo e por isso doeu

Mas você sabe...

Pra ela foi o mesmo que nada

E a mente ataca o coração, o embate ramifica

Não há como ela ter esquecido

Garanto, que ela já esqueceu

Tenho certeza que me procura

Garanto, que nunca nem ligou

E o garoto paralisa, seus olhos caídos

Agora dividido em dois

O menino que correu

Que ninguém nunca mais o viu

O silêncio toma seu lugar

O seus olhos se fecham

Ela observa de longe

E nunca mais se ouviu falar de mim...