TEMOR
A morte se deleita sobre mim em inquisição
Impiedosa, pressiona a carne em decomposição
Tenra e anciã na mesma intensidade
A vida ainda nem pela metade
Me cobra e me devora até os ossos saltarem a face abatida
A pele se dobrando, desmantelando como cera derretida.
Oh! Minha velha alma me consome a alvorada
E me regurgita ao averno.
Posso ver a passagem em meio a névoa desvanecida
Sinto o veludo acariciar a mão enrijecida
Eu toco os véus com dedos lívidos
Não há sinos badalando, ou liras ressoando
Apenas o silêncio ensurdecedor, tilintando aos ouvidos.
Oh! Minha velha alma, por que tanto anseia este fim?
Eu pergunto a ela, estátua de marfim
Encaro meu reflexo sem espelhos
Num par de olhos vermelhos
Tão jovem. Tão velha…
Eu me chamo, Eu me clamo
Vem!
Atravessa logo este rio maldito
Toma a passagem e aceita o veredicto!
Ela estende uma estaca prateada
Em tons rubros cravejada
Agora, já tens a chave
Não me deixe à espera neste enclave.