TEMOR

A morte se deleita sobre mim em inquisição

Impiedosa, pressiona a carne em decomposição

Tenra e anciã na mesma intensidade

A vida ainda nem pela metade

Me cobra e me devora até os ossos saltarem a face abatida

A pele se dobrando, desmantelando como cera derretida.

Oh! Minha velha alma me consome a alvorada

E me regurgita ao averno.

Posso ver a passagem em meio a névoa desvanecida

Sinto o veludo acariciar a mão enrijecida

Eu toco os véus com dedos lívidos

Não há sinos badalando, ou liras ressoando

Apenas o silêncio ensurdecedor, tilintando aos ouvidos.

Oh! Minha velha alma, por que tanto anseia este fim?

Eu pergunto a ela, estátua de marfim

Encaro meu reflexo sem espelhos

Num par de olhos vermelhos

Tão jovem. Tão velha…

Eu me chamo, Eu me clamo

Vem!

Atravessa logo este rio maldito

Toma a passagem e aceita o veredicto!

Ela estende uma estaca prateada

Em tons rubros cravejada

Agora, já tens a chave

Não me deixe à espera neste enclave.

M Baumer
Enviado por M Baumer em 23/10/2023
Código do texto: T7915578
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