Hora da Morte

O dia da morte é um dia comum

Até sucumbirmos ao fato

A partir dessa data incomum

Só seremos lembrados em retrato

Memória é poeira ao vento

Ficará o dito e o redito pelo não dito

Sua última roupa vc não escolherá

As vezes um batom pra embelezar

Ou um terno preto pra alinhar

Depois disso é só esperar

Um elogio que não pode faltar

"Tá com o semblante sereno"

"Parece que tá dormindo"

A pior hora é o moço a falar

Trás a tampa pra fechar

Com aquele vidro como se o rosto nunca fosse acabar.

Um último adeus e mais um murmurar.

Duas filas e um corpo efêmero ao meio..

Segue o último trajeto pro apartamento

Lá tem de um ou de dois pavimentos.

Na porta um lembrete..

"Nossos ossos que aqui estamos pelos vossos esperamos."

Passou o portão e pra dentro o silêncio reina.

O ranger da roldana parece ensurdecedor

Por favor desce esse lado primeiro..

Pronto....

Chegou o fundo...

Lançam algumas rosas e aquela famosa "Uma Salva de Palmas"

No apartamento ao lado um frase..

Do pó viemos ao pó voltaremos...

Tudo fechado agora..

O lindo pôr do sol da lugar as trovoadas..

Uma senhora fala..

Quando morre alguém bom chove...

E depois do portão figura o ditado..

"Morre o homem fica o nome"

Alexandre Fagundes

Alexandre Fagundes
Enviado por Alexandre Fagundes em 06/10/2023
Reeditado em 17/10/2023
Código do texto: T7902535
Classificação de conteúdo: seguro