Hora da Morte
O dia da morte é um dia comum
Até sucumbirmos ao fato
A partir dessa data incomum
Só seremos lembrados em retrato
Memória é poeira ao vento
Ficará o dito e o redito pelo não dito
Sua última roupa vc não escolherá
As vezes um batom pra embelezar
Ou um terno preto pra alinhar
Depois disso é só esperar
Um elogio que não pode faltar
"Tá com o semblante sereno"
"Parece que tá dormindo"
A pior hora é o moço a falar
Trás a tampa pra fechar
Com aquele vidro como se o rosto nunca fosse acabar.
Um último adeus e mais um murmurar.
Duas filas e um corpo efêmero ao meio..
Segue o último trajeto pro apartamento
Lá tem de um ou de dois pavimentos.
Na porta um lembrete..
"Nossos ossos que aqui estamos pelos vossos esperamos."
Passou o portão e pra dentro o silêncio reina.
O ranger da roldana parece ensurdecedor
Por favor desce esse lado primeiro..
Pronto....
Chegou o fundo...
Lançam algumas rosas e aquela famosa "Uma Salva de Palmas"
No apartamento ao lado um frase..
Do pó viemos ao pó voltaremos...
Tudo fechado agora..
O lindo pôr do sol da lugar as trovoadas..
Uma senhora fala..
Quando morre alguém bom chove...
E depois do portão figura o ditado..
"Morre o homem fica o nome"
Alexandre Fagundes