Oração à Morte!
Dona Morte, precisamos ter essa conversa
Porque a minha espreita você alcança
Pois de mim você não tira distância
A vida? O que tem essa finitude
Que muito valorizo na sorte
E tento me manter forte
E não me venha falar de dor
Porque de onde ela nasce, vem amor
De onde vem tristeza vem calor
Não tenho nada a declarar a ti
Sobre se sofri, se chorei ou ri
Se abracei, ou me afastei ou se bebi
Entenda, cara dama, não leve
Meus amigos, assim, de mão leve
Sem antes deixar a vida leve
Eu sei que você não odeia ninguém
Pois seu irmão Destino não poupa quem
Ao final, no tempo, se vem
Mas não desdenhe de mim, lhe peço
Deixe-os aqui por perto, decerto
Teremos ainda boas memórias de afeto
Porque o porvir ainda deve existir
Porque os reencontros irão ressurgir
Porque ainda há muito o que deixar fluir...
Obrigado por me ouvir!
(Em memória de Antônio Wilson da Silva Júnior)
Mudei o título de "Uma conversa com a morte" para "Oração à morte" por sugestão do amigo e poeta Igor Roosevelt quando ele leu esse poema no dia 30 de setembro de 2023 em uma noite regada a cerveja. Obrigado meu amigo!