DIÁLOGO COM UMA CAVEIRA
O crânio macilento de uma caveira,
Me fita contrafeita,
Como a me pedir socorro!
Assustada reclama:
0s germes querem beber meu sangue.
Mas , não há mais sangue;
Querem comer minha carne.
Não há mais carne.
Ela olha-me apavorada!
Como se eu fora um bicho faminto,
A devorar outros bichos.
Insiste no olhar assustadiço,
Como se dissesse: foge de mim,
Monstro, com sede insaciável por sangue!
Me sinto desnudo .Expostas minhas culpas.
Essa minha avidez por carne me iguala
Aos mais temíveis predadores .
Sei, não me iludo. Sou caça e caçador .
A caveira me saúda. Breve, virá se juntar
A mim: Será caveira como eu!