Bacantes do Lodo
Alma que inspira a dor,
mas transpira o dolo
no girar das hélices,
triturando o tempo
em suas espirais
para reagrupá-lo no histérico
das moléculas de um pesadelo
Ah! Essa mania réptil de criar:
cobra? Sim.
Queima rastejos em solo quente
refluindo o preço
colados na minha testa
com um estigma inflacionado de supermercado
Mas a pena nem é assim tão cara
Pago-a com minha vida
seguindo uma jornada sem janelas (não há fuga)
rumo as presas serpes
que tem pressa pela presa
Componha, louca alma,
um crucifixo de ideias
ao longo da Via Ápia
Suste os eufemismos
e afine minha lira do cinismo
Escave, parva, as covas,
mal feitas
embaixo das quais
escondem-se meus maus fetos
E, por fim e por piedade,
estrangule meus suspiros
na sua teia de arame farpado
Gabriel Desaix