A dor que é perder o pai
Foi "hoje"
No dia em que escrevo pra você
Foi logo de manhã
A esperança ainda queimava
A melancolia como sempre
Você já estava acostumado com os meus olhos tristes
De filho perdido
De filho que não cresce
Que se esconde, como uma sombra sua
E eu sabia que estava difícil
Mas uma luz se ascendeu
Quando eu estava convencido que não teria jeito
Que o momento de perdê-lo estava se aproximando
E chegou
Sem eu nunca querer
Queria ser Deus
Ser o próprio tempo
Pra ter você de volta
E chegou o dia em que não mais o veria perto
Mas dentro
Por tudo o que você representa pra mim
Por tudo o que você já fez por mim
E foi o meu maior presente de aniversário
Saber que você me amava
Mesmo se as convenções dizem que deveria ter pena ou vergonha de mim
Mas foi amor puro
O que nosso último momento de lucidez juntos me mostrou
Que não se mede por número de troféus ou realizações
Que se tem apenas por ser seu filho
E continuarei sendo até o fim
Honrando a pessoa idônea e bondosa que sempre foi
E que o maldito cigarro seja parado um dia
Que os malditos que lucram em cima de ossos e lágrimas sejam punidos
Agora você vive no meu coração
Na minha perspectiva de existência
Até o fim
Vive como um vazio imensurável que nunca será preenchido
Mas também vive como um oceano de memórias que se misturam, se apagam e retornam
Do seu amor puro, incondicional por mim
Carlos Alberto Ferreira
(Te espero nas próximas caminhadas
Pra conversar sobre a vida
Sobre como eu amo e continuarei amando você)