Evitando Atritos

Com silêncio e reticências

A carne vai escorrendo dos ossos

E os olhos contemplam cataratas

Tendões viram cartilagens,

Pôquer e caras de paisagens

Em que cisnes viram patos

Problemas que viram fatos

Muitas palavras, poucos atos

O mar foi feito para velejar

A vida, feita para se calejar

Para fender a unha até ela engrossar

E quando a dor se anestesia

A bomba ensurdece a poesia

A humanidade foge pela janela

Solvente desfazendo óleo em tela

Não me ouves, não te ouço

Josés no fundo de nossos poços

Fácil rotular com má alcunha

O choque é exclusivo de quem está

Com o espinho latejando sob a unha

E a lágrima nem sempre se mostra

Quando a esperança já está morta e frita

Nem toda ovelha, ao ser abatida, grita

Antes fosse o silêncio que precede o esporro

É mensagem na garrafa! É grito de socorro.

Dark n Blue
Enviado por Dark n Blue em 14/07/2023
Reeditado em 23/07/2023
Código do texto: T7836990
Classificação de conteúdo: seguro