158°
O querido poeta desistiu da escrita
Parou num bar de esquina
Abriu a cerveja mais barata
E bebeu enquanto ouvia Belchior no rádio
Ele não quer a fama da poesia
Sua busca é um sentido para a vida
A sua vida anda muito vazia
Assim como aquele bar
Repleto de gente querendo ser preenchida
Ele cansou das palavras mal ditas
O seu silencio se confunde com a bebida
Que desce por sua garganta
Tirando toda a liberdade moralista
A cada garrafa vencida ele esquece a vida
E observa o tanto de vida vazia reunida
Ele tira do bolso a caneta e o papel
Ali deixara escrito um poema inútil
Sobre a futilidade dos bares de esquina
Se não fosse a angustia da despedida
O poeta salvaria a própria vida.
Otreblig Solrac - O poeta burro