O que somos nós?
Da morte, pois, me acerco em passos lentos
Ao corpo inerte e frio estendido ao chão
O bafo fétido do além se aproxima
E com ele a decomposição
Os ossos desnudos, a pele sem cor
Um cheiro pútrido invade o ar
Insetos asquerosos se banquetearão
Com a carne que agora começa a apodrecer
A visão grotesca da morte me invade
E a melancolia toma conta de mim
Pois a vida que já pulsa não mais existe
E a beleza da carne se desfaz em pudim
De nada adianta chorar ou lamentar
Pois a morte é algo inevitável
Mas o pensamento de abutres saciando-se
Da carne putrefata, é algo indescritível
A alma que outrora habitou essa carcaça
Agora encontra-se em outra dimensão
Enquanto o corpo que já foi tão belo
Se transforma em lodo e repugnação
Fundiu-me com a terra, tornei-me um com ela
O que sobrou, se dissipou ao vento
Memórias se esvaíram e se foram
E no fim, o que somos nós?
Que triste é pensar na finitude humana.