Coveiro

Coveiro solitário adentra à terra,

Ele cava os mistérios do mundo antigo,

Com a pá finalmente dá cabo a matéria,

O senhor dos velórios, servente cínico.

Da cova ao fogo infernal, um arcanjo infeliz,

Talvez da luz ao céu, um salvador dos espíritos:

O barqueiro Caronte dos corpos mais vis,

Navega nas marés dos rios dos mortos-vivos.

Sai do jazigo praguejando a vida lúgubre,

Ele é um nascituro contrário à luz,

Um filho designado ao espetáculo fúnebre,

Um demônio nascido anterior à cruz.

Reirazinho
Enviado por Reirazinho em 09/06/2023
Código do texto: T7809581
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