O Sopro da Vida

Viemos do pó da terra

E pra lá retornaremos

Pois toda nossa matéria

Ao morrer devolveremos

Só importa quem nós somos

Pra quem fica, quem nós fomos

Não interessa o que temos.

Na verdade nada temos

Pois não levaremos nada

Nós somos só passageiros

Nessa incógnita jornada

Só conhecendo a partida

Seguindo a estrada da vida

Descendo em qualquer parada.

É difícil compreender

As ironias da vida

Não entender que o futuro

É um caminho só de ida

Temos pressa pra crescer

Choramos por não viver

Toda a infância perdida.

Viver é sempre estar pronto

Para partir qualquer hora

É saber que o amanhã

Só chega ao romper da aurora

Que a cada manhã nascida

É um novo sopro de vida

E o pôr do sol não demora.

O viver é um mistério

Tal qual um botão de flor

Desabrocha com perfume

Depois murcha e perde a cor

Só tem vida no jardim

Se colhida terá fim

Só resta saudade e dor.

Nós somos feito um pavio

Que dá vida a lamparina

Quando acaba o combustível

O estopim seca e afina

A candeia é só carcaça

Só resta cinza e fumaça

Mais um ciclo que termina.

A vida é um parafuso

Que o tempo vai retorcendo

E a chave que torce a rosca

É um novo dia nascendo

Tem dias que a chave espana

Afrouxa a rosca e se dana

Só entra se for batendo.

A morte assusta quem vive

E o medo a ninguém socorro

Quem vive a vida com pressa

A vida das mãos escorre

Mas precisamos viver

Sem ter medo de morrer.

Só quem tá morto não morre.

Edinho Ludovico
Enviado por Edinho Ludovico em 07/06/2023
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