Três Mortos Fotografados(Poema 50)

Três Mortos Fotografados

Em quarto fresco, límpido, iluminado, resplandecente

Com um sol de verão ascendente, o ar perfumado

De maravilhas odorosas preenche todo o quarto.

No centro do quarto três figuras rígidas deitadas

Em cama antiga... Suas faces pálidas, os olhos cerrados,

As mãos postas sobre o peito revelam seu estado atual.

Dois homens e uma menina jovem, de alourados

Cabelos, pele de marfim delicado e sutil... A atmosfera

Mortuária não é mais que uma forma comum do dia.

Flashes disparados nas faces mortuárias, ângulos

Posicionados em cada centímetro do quarto, quadros

Desenhados no corpo e nas faces cadavéricas, murmúrios

De Vida e Morte se entrecruzam no dia de esplendoroso

Clima, os três mortos não mais sussurram em linguagem

Decifrável, antes sua linguagem pertence aos domínios mortais.

Nas dez fotos cada quadro é uma nova foma de ver

A pose do cadáver como um fato iminente de susto...

Cada posição em pé ou deitado dos cadáveres é

Pequena forma de magia escurecida, tenebrosa,

Horripilante... Nas fotos mortuárias aquelas almas

Já libertas do casulo são agora os motivos mórbidos

De uma sociedade que vive a morte como uma

Realidade presente, mas esquecida de levar a morte

Para o caminho que lhe é devido: o total respeito ao cadáver.

martinschongauerIV
Enviado por martinschongauerIV em 07/06/2023
Reeditado em 15/11/2023
Código do texto: T7807510
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