Carta à morte

 

Atormentada morte;

Símbolo escuro do encerramento da vida;

Do mundo uma das poucas certezas lógicas,

Que de nossa vida também fazem parte;

O que dizer da tua própria sorte?

És o ponto final de toda vida!

És um tribunal sem interrogatório,

Sem juízes, sem jurados...

 

Envias teus mandatos

E nada tens de prerrogativa.

Eis que te explicas, morte,

Como o sono do qual o adormecido,

De acordar, se deu por esquecido.

Mas eis que também sei que te renuncias

Quando a vontade de vida

É maior que tua própria libido.

 

E quando essa vontade ao homem obedece

E, na sua fé, sua esperança aparece;

Ele não mais será moribundo,

Não se entregará ao teu sono profundo.

E é assim que fracassas,

É assim que desfaleces.

É assim que, de si mesma, tu te esqueces,

Negas a tua própria sorte,

E, deixando de ser morte,

Tomas teu norte,

Dando espaço à vida.

 

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Oscar Calixto
Enviado por Oscar Calixto em 24/05/2023
Reeditado em 24/05/2023
Código do texto: T7795786
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