Carta à morte
Atormentada morte;
Símbolo escuro do encerramento da vida;
Do mundo uma das poucas certezas lógicas,
Que de nossa vida também fazem parte;
O que dizer da tua própria sorte?
És o ponto final de toda vida!
És um tribunal sem interrogatório,
Sem juízes, sem jurados...
Envias teus mandatos
E nada tens de prerrogativa.
Eis que te explicas, morte,
Como o sono do qual o adormecido,
De acordar, se deu por esquecido.
Mas eis que também sei que te renuncias
Quando a vontade de vida
É maior que tua própria libido.
E quando essa vontade ao homem obedece
E, na sua fé, sua esperança aparece;
Ele não mais será moribundo,
Não se entregará ao teu sono profundo.
E é assim que fracassas,
É assim que desfaleces.
É assim que, de si mesma, tu te esqueces,
Negas a tua própria sorte,
E, deixando de ser morte,
Tomas teu norte,
Dando espaço à vida.
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