Um cemitério da cor desse seu cabelo...

A cor do seu cabelo, opaco, é cemitério.

O preto do soturno céu, morto e sepulcral.

Em cada fio Apolo produz um saltério.

Ao vento: o Infinito; entre dedos: fatal...

E eu, enterrado vivo no domingo Pascal...

Esses corvos, coveiros, fazem suas danças.

Paixão nas suas unhas vermelhas, Afinal,

Furam-me a costela como velhas lanças.

A escuridão escapa da névoa, literal.

Sigo fiel o ritmo da banda visceral.

Ferem-me esses seus toques, como um martelo.

Morrer entre seus braços, o adeus mais belo.

Não, não, não! Eu não posso, o lúgubre, esquecê-lo.

Um cemitério da cor desse seu cabelo...