A Gárgula
A cada noite, sinto a atração
De uma gárgula sombria e feroz
Que me leva ao destino atroz
De outrem e me mostra a suma perdição
Ela me inebria com os olhos malditos
E eu, atônito, não posso resistir
Aos seus chamados sombrios
Que me fazem lhe assistir.
Não sei o que me move
Em direção a este ritual de pavor
Que me faz gozar quando alguém morre
E que me faz tremer com tamanho horror.
Toda santa noite e toda manhã
Vejo a gárgula homicida matar
Essa é minha sina, minha angústia vã
E dor maior que essa não há.
É um vício insano e doentio
Que me domina e me consome
E me leva ao desespero frio
De um ser sem luz e sem nome.
Oh Deus! Que destino me aguarda
Nesse labirinto de paixão?
Será que um dia a gárgula me guardará
Em seu maldito abraço de destruição?