Meditando no azul da morte

A beleza de uma tarde de novembro traz

consigo um mistério que canta no mais profundo silêncio.

Um nó no peito escuro perto do muro

que balança se eu der um leve pulo.

Devagar me abaixo para desfazer o nó

e esqueço que o muro de mim não tem dó.

Caiu, caiu e caíram sobre mim os tijolos com aroma de alecrim.

Um a um, a todos sentir: a dor que passou por aqui.

Alegremente triste

estive em ver o fim.

A morte passou por mim

e eu a senti.

A morte da morte

morreu hoje em mim.

A morte da morte

na morte

me fez refletir.

A morte da morte

fez surgir algo novo

em mim.

O canto da morte diz

que é bonito nascer e ter fim.

Na mais bela tarde

a morte em mim fez seu jardim.

O que eu sou para a morte

e o que ela é para mim?

Morrendo junto com a morte

vi que é necessário partir.

"porque a morte não tem fim"

foi o que a me Vida disse

e disse também assim:

"O que a morte traz,

ela mesma também leva.

O que a vida dá,

também pertence a ela.

Somos nós uma experiência,

um convite à consciência.

Quem se apega a uma sofre;

quem as duas abraça,

vence a prova da morte."

E assim cantou a Vida sobre a Morte.

O que me faz pensar… O que é que

realmente "morre"?

iaGovinda
Enviado por iaGovinda em 19/04/2023
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