Ode à minha morte

Num dia qualquer

Pensei na pós vida

Pensei na passagem dessa para uma melhor

Anotei tudo o que consegui

Entendi tudo o que consegui

Entregar então meu falecido corpo

À mãe natureza

Adubar os solos dessa incerteza

Projetar me em caixão

Diante de um sim ou não

Do qual não se espera muito

E logo se vão os últimos minutos

Mas queria mesmo que um verme esteja a roer minha face;

Enquanto estou em berço esplêndido;

Esperando que o sol faça minha lenta decomposição;

Atraindo moscas e fungos aleatórios num dia lento;

Que minhas ideias sejam devastadas ao tempo

E depois de um momento, apareçam para assolar uma parte da sociedade;

Que eu seja esquecido e lembrado;

Que a morte seja rápida e indolor, amém.

Que o espírito canse e descanse

Amém