A GUERRA

A desilusão que nasce à espera de um coração que não bate, se é a morte que ronda à parte, a boca que espera por um beijo sofrido entre línguas e dentes, movendo a carne no que o coração sente, a cegueira de olhos abertos, o abismo adiante, a catástrofe por perto. Os pés descalços trilhando o caminho, sem sorte, sem rumo, vadio sem prumo, as gargalhadas da hiena, o cheiro de sangue, o abutre sondando, o corvo mal agourando, é a morte chegando, no deserto aberto, ferida aberta, por espada ou flecha, sede no cio, boca seca no rio é sequidão de estio. A palavra maldita no disco gravada já foi fita dada, causou alma penada, parolou língua malvada. A luz no eirado, o pavio apagado, a escuridão! Coitado de olhos vendados, na lâmina afiada, a carne retalhada é vida ceifada. A trincheira à frente, soldado valente enfrenta o inimigo correndo perigo, o medo, a fúria, o ódio, na guerra se erra, também morre amigo. A causa sem dono, o abandono, se perde o sono, o deus da terra, fomentada a discórdia, a colheita, foices, não trigo é joio, os cortes, as cabeças, o fogo, a queima, a fumaça, e a cinza, sem misericórdia! Um oceano imenso, um trauma intenso, tudo que a mente não esqueça. Matar, matar, matar, matar, ceifar, ceifar, ceifar, vidas, um lamaçal de mangue, todas, várias, o mundo, um mar de sangue.

Erimar Lopes
Enviado por Erimar Lopes em 27/03/2023
Código do texto: T7750362
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