Intrinsicamente Truncado

E eu estou nas suposições de intimidade

Como se apresentasse uma casa

A quem sempre quis demoli-la

Atraindo lenços brancos sem piedade alguma

Meus véus são ambivalentes ou ambidestros

O que a ocasião solicitar, o que a morte garimpar

Este itinerário é a autópsia de um cisne

Uma beleza moldada entre alumínio e parafina

O limo continua a persuadir o silêncio

Teus dentes, teus ganhos, teu ouro, teu deus

Todos eles ressentidos com o espetáculo de Gaia

A faminta que seca máquinas em retaliação

Exigir simultaneamente a vigília e o luto

Como se velar um corpo fosse necessário

Ter a esperança que cada uma das coroas de flores

São ingenuamente provas de amor

Minha mortalidade sonha anzóis

Nada se cumpre, o esquecimento é algoz

Entretanto, armadilha ao culpado

Pois teu telhado é um vitral ao outro

O pretérito é uma matriosca

Se alimentado de incertezas

Eterno fio de cobre sob o tecido

Acesso as asas de querosene

Sem êxito ao impasse, cada vocábulo o herda

O substitui a pele, a herança, a dívida

O absoluto incompreensível fora necessário

Para tal criatura tardar suas cobiças

Idealizar exílios, identificar metais

Um túnel que foge ao alcance da vontade

Aparentemente, desenvolvem-se um espaço

Uma não-sincronicidade capaz de caber a saudade

Pierrot Ruivo
Enviado por Pierrot Ruivo em 26/03/2023
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