Ainda há tempo

Pausa nas atividades e contemplando a morte (ou possível morte).

Uma pessoa na qual faz a diferença

hoje visitou o hospital,

viu provavelmente tua vida passar aos olhos,

e a família vê o anjo da esperança guardando-a.

É-me semelhante: próxima do caixão está partindo (ou não)

uma pessoa de laço e alma;

Todas essas saturninas desgraças me conjugam,

pedem-me lágrimas e desesperos contínuos.

Se a vida do poeta é essa, não poetizar quererei,

juntos aos ratos do esgoto escondo-me.

Neste insalubre e imundo esconderijo, vivo,

aqui não enfrento os meus demônios:

Não queria admitir, mas um ‘’eu te amo’’

jamais fora sequer vibrado nas cordas vocais.

Cantei versos, cantei almas, ou sei lá o que cantei,

mas uma sentença simples jamais fora cantada,

e essa música faz uma complexa diferença.

Tenho que cantar a ti as últimas palavras,

tenho que escrever sobre mil chicotadas no meu corpo.

Tenho que repetir a vós o quão amável és,

mas antes disso, devo (ou deveria) orgulhá-la.

Desculpe-me! Perdoa a quem não é digno de perdão!

Perdoe quem odiou a ti ou ignorou nas febris

noites de decepção, perdoa-me, pois há tempo!

A vida, e as coisas ensinam, o tempo devora,

seca o corpo e nossas alegrias, seca o Eu te amo.

Se fores partir, espero molhar-me de amor,

ao próximo, a mim e a ti, mas antecipadamente (ou não)

Eu gostei da tua presença e de saudades viverei…

Reirazinho
Enviado por Reirazinho em 24/03/2023
Reeditado em 24/03/2023
Código do texto: T7748007
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