Furtividade
Moro na sua casa
No seu corpo
Na sua cabeça
Mesmo que você
Não possa me ver
Me sentir
Ou até mesmo perceber
Todo o dano
Que causo em ti
Quebro sua visão
Do futuro
Ou eu a roubo para mim
Ou eu a apago
Deixo-a como
Completa
Cegueira
Tiro o brilho
De todas as suas
Conquistas
Largo em superfície
Opaca
Para você não se
Ver
Nem mesmo seu valor
Nem sua glória
Nem seu dourado passado
Abandono-te
Em seus delírios
De menos-valia
Não podes me retirar
Com expulsar
Excretar
Segmentar
Cortar
Qualquer nome que você tem
Para tirar
Não surte efeito em mim
Meus dedos o agarram
Por baixo de sua pele
Rastejam por ela
Pode coçar, doer, incomodar
Mas eles não irão
Sair
Quando eu corpo
E seu espírito caírem
Desprovidos de toda e qualquer
Eletricidade que te dê vida
Irei te tratar como
Meu último banquete
Antes do meu perecer
Pois sem alimento
Não vivo
Só irão estar
As migalhas
Da sua carne
Da sua imagem
Daquilo que antes era conhecido
Como seu nome