O Viúvo Bêbado
Caro coveiro, desinterre a minha Estrela!
A minha Estrela que foi ontem sepultada!
Ó por favor! A desinterre eu quero vê -la
Quero beijar a palidez da minha amada!
Embriaguei-me! Eu não quiz desmerecê-la!
A ebriez me desmaiou sobre a calçada
Se eu pudesse, se eu pudesse revivê-la
Daria a alma na escurez da encruzilhada!
Abre essa cova, meu amigo carniceiro
Eu necessito vislumbrar a face dela!
A ebriez me fez dormir o dia inteiro ,
Não pude ir ao funeral de minha Bela!
Bradava o homem claramente embriagado!
E aos soluços os cabelos arrancando ,
Aos pés da cova qual um endemoniado
Tirando as vestes, na poeira chafurdando!
Caro coveiro; Essa mulher é uma Santa
E nesta hora deve estar aos pés de Deus
Lavava a roupa, preparava minha janta
E eu não pude ofertar -lhe o meu adeus!
Por todo bairro alastrou-se a notícia...
A multidão se aglomerou no cemitério!
E o coveiro com um riso assaz funéreo
Só aguardava a presença da Polícia!