Só Não Cubram os Seus Pés
Inda que a cabeça chacoalhe,
Lembrei dum importante detalhe…
Em meio a todo esse revés.
Se tal nuvem sobre o sol,
Vão cobri-la com o lençol…
Peço, só não cubram seus pés!
Inda que a cabeça embaralhe,
Lembrei dum importante detalhe…
Em meio a todo esse revés.
Tá "frio" mas ela não gosta de meia,
Se vão cobri-la com areia…
Peço, só não cubram seus pés.
Não, não se vire!
Ela irá? Vi sua íris…
Perdida e fosca.
Senti a brisa de Osíris,
Vela apagada sobre o pires…
Minha cabeça em rosca.
Enfermeira? Em Marte,
Ocupada com seu smart…
Mortes, mortes, rotina.
Maat, Maat, Maat!
Antes que a dor também me mate…
Minh'alma aceita doses de morfina.
E eu queria lhe comprar asas,
Mas não pude dar sequer uma casa.
Socorro, igualmente não.
Também não saí vivo daquela UPA,
Mas lá dei luz à essa culpa…
Que embalo nos braços desde então
Lembro do beijo derradeiro,
A minha Cristo num madeiro...
Infestado de tanto cupim.
É igual na minha infância,
Mas agora eu que mantive distância.
Como vê-la a sete palmos do capim?
Melhor os pêsames do mudo.
Que o "Deus sabe de tudo!"...
De quem não tem nada a dizer.
Meus olhos estão como tua pleura,
Foi um plano sádico, ou é só neura?
Daquela maneira, "Por que?".
Inda que a cabeça chacoalhe,
Lembrei dum importante detalhe…
Em meio a todo esse revés.
Se tal nuvem sobre o sol,
Vão cobri-la com o lençol…
Peço, só não cubram seus pés!
Inda que a cabeça embaralhe,
Lembrei dum importante detalhe…
Em meio a todo esse revés.
Tá "frio" mas ela não gosta de meia,
Se vão cobri-la com areia…
Peço, só não cubram seus pés.
Meu coração corta,
Trabalhou em vão braços de Shiva.
Quis ter onde cair morta,
Pois nunca teve onde cair viva.