Cordeiro do inferno
Fizeram-me um cordeiro de Satanás,
nasci em um funesto ritual pagão,
fui parido num esgoto a céu aberto:
ovelha negra nascida de antemão,
jogada à existência que não apraz.
No deleite saturnino eu então cresci,
o Sol sumiu no nascituro podre,
foi co’ a Lua vendo seu obscuro filho
no tisne universo que lhe malogre.
E agora desse rebanho, parti!
Meus ossos mortificados pelo tempo,
meu caixão amará a terra para sempre,
na decadência moro com tais demônios
sem anjos para adoecer no que enferme.
E finalmente, morto sem desalento.