Cordeiro do inferno

Fizeram-me um cordeiro de Satanás,

nasci em um funesto ritual pagão,

fui parido num esgoto a céu aberto:

ovelha negra nascida de antemão,

jogada à existência que não apraz.

No deleite saturnino eu então cresci,

o Sol sumiu no nascituro podre,

foi co’ a Lua vendo seu obscuro filho

no tisne universo que lhe malogre.

E agora desse rebanho, parti!

Meus ossos mortificados pelo tempo,

meu caixão amará a terra para sempre,

na decadência moro com tais demônios

sem anjos para adoecer no que enferme.

E finalmente, morto sem desalento.

Reirazinho
Enviado por Reirazinho em 31/12/2022
Código do texto: T7683972
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