Corpo velado

Passei a ter medo de dormir,

Pesadelo, jamais poder acordar,

Sinto a morte a me espreitar,

Nas horas noturnas do porvir.

Passei a viver ânsia em sofrer

De novo, o peso da enfermidade,

Não menos que da maternidade,

E a tensão de um filho nascer.

Passei a arrecear à escuridão,

Horas mortas da madrugada,

Pensamentos veem do nada,

Como se fossem anunciação.

Passei a conviver assustado,

De uma inevitável despedida,

Dor da minha família querida,

Diante do meu corpo velado.

Sérgio Russolini
Enviado por Sérgio Russolini em 08/12/2022
Reeditado em 08/12/2022
Código do texto: T7667574
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