Corpo velado
Passei a ter medo de dormir,
Pesadelo, jamais poder acordar,
Sinto a morte a me espreitar,
Nas horas noturnas do porvir.
Passei a viver ânsia em sofrer
De novo, o peso da enfermidade,
Não menos que da maternidade,
E a tensão de um filho nascer.
Passei a arrecear à escuridão,
Horas mortas da madrugada,
Pensamentos veem do nada,
Como se fossem anunciação.
Passei a conviver assustado,
De uma inevitável despedida,
Dor da minha família querida,
Diante do meu corpo velado.