TERROR DA ALMA
– TERROR DA ALMA –
Passou pelo vale dos mortos e abriu a sepultura da vergonha, entre os odores da morte e os carniceiros do corpo se levantou a sujeira de uma vida.
Ergueu-se então o inesperado, o que era improvável, começou a passear entre os túmulos ainda rodeado pelo odor que jaz no tempo.
O cemitério era sua casa e o túmulo sua prisão, mas se libertou, a noite foi seu novo lar, a escuridão sua camuflagem, nada mais o impedirá, pois reviveu para atormentar e o terror causar.
Não há lugar para se esconder, pois os portões de sua casa se abriram e o que resta fazer é correr e esconder-se, do que virá atrás daquele que um dia ousou seu nome pronunciar.
Para onde correr? Onde se esconder? Se os seus passos seguem o rastro, se a noite se tornou sua aliada, a vingança sua fome e o terror sua sede?
Trevas e horror, gritos desesperados que chegam a acordar os que dormem, que balançam as estruturas da alma, abatem o consciente e frustram o que nele suporta.
Caia então em lamento, pois assombração é presente e o terror saiu, se ergueu e caminha a procura de quem um dia ousou seu nome pronunciar; não adianta se esconder, pois nem os vivos poderão deter o que a mente criou, a consciência concretizou e a boca falou, pois o passado ressurgiu, o presente está na escuridão e o futuro já quase não tem mais razão.