Tempo

O tempo passava, mais gasto ficava e mais velhos terminamos.

Sem me aperceber vou cantando no seu ouvido surdo acompanhada pelo silêncio do cemitério.

Te espero sem pressa, sentada no chão do seu caixão.

Canto a nossa canção com a minha boca entre seus lábios, olhei para o fundo dos seus olhos sem vida e disse o quanto eu lamento pela sua partida.

Coloquei o meu peito no seu, fiz seu coração escutar o meu, fico a espera do sol para aquecer as minhas rugas, não tenho mais os seus braços quentes em mim.

Sou girassol sem sol, ando no escuro segurando um lampião sem luz, me perco em meu próprio vazio.