JARDIM MÓRBIDO.

Quando morri,

sorri,

pois não precisarei trabalhar amanhã.

Agradeci os amores que foram adiantados,

gostei de não está atrasado para nenhum lugar.

fiquei apenas parado,

jogado na pia do banheiro.

o sangue escorria,

meu coração não batia,

e o cérebro aos poucos apagava,

trazia lembranças

desde do ventre

até o súbito óbito

ocorrido pelo corte

ocasional na jugular,

enquanto eu estava a me barbear.

poderia estancar,

poderia enrolar algum pano limpo

para o sangue não espalhar,

porém minha mente disse:

és a hora, és o lugar.

Como moro só,

amanhã talvez,

o vizinho chame

por estranhar.

pois não fui trabalhar

e nem regar as plantas

na frente da minha casa.

será que ele só notará

quando uma delas estiver morta?