FINITUDE
Vais conhecer a finitude de tudo
Então juntarse-às aos seus antepassados
A hora é chegada, a sua hora, a nossa
Por fim, a de todos nós
Animais, e humanos, vegetais e afins
Por sua natureza transitória ou pelo tempo e imprevisto.
Como grilhões aos pés de um escravidado
Não há diferença nessa saga
Exceto a cremação e seus ossos que serão pó
Escolha que podes fazer em vida
E se for possível a realização de tal benevolência
Será tua consciência respeitada?
Ou se outras forem as circunstâncias que lhe afligirem?
Tu deitarás no coração do mar
Tumular tragédia terá se abatido sobre ti e seus desejos pós vida se perderão
E serás o fim de tua vaidade
Sim, um abissal fim jazeria por tragédia
Ou serás vomitado em alguma praia
E os pássaros necrofagos pousarao sobre sua carcaça em estágio avançado de putrefação e satisfarão suas necessidades mais primitivas, tal círculo primário da cadeia alimentar será completo
Quem sabe será esquecido em uma rua pouco movimentada
E conhecereis a indigência dos sem teto
Pura ironia da vida em plena morte
Talvez a curva de um rio seja teu descanso final
Em meio a galhos e troncos
Caranguejos atentos talvez façam o seu nobre trabalho, deixando a natureza limpa
E a perenidade das águas fluírem adiante
Sem o impedimento incômodo de um corpo inominável
Cadáver, mesmo que anônimo
Não há drama em sua infinita natureza mórbida
Paradoxal destino que aguarda os viventes
Afinal é escolha como levamos a vida!
Mais infalivelmente, quando chegaremos diante de tal bifurcação sinistra
Onde não nos cabe escolher qual caminho seguir
Pois no momento que colocarmos o pé na trilha será o fim de nossa trajetória consciente
Não, não seremos mais nós
Um ser que expirou
Um corpo sem dor !
Rio, 20/05/2022