Câmara de gás
Sinto a garganta fechar
com a visão do impensável:
a fumaça carregando
o grito engasgado,
a alma humilhada,
a dignidade evaporada.
A esperança, taquicardica,
se ajoelha em oração,
clamando forças para não sucumbir
ao sadismo fardado;
demônios travestidos de ordem,
capatazes do tumbeiro moderno.
Até quando assistiremos bestializados
à orgia mórbida,
ao banquete de fetiches
num gozo de violência
de quem deveria cuidar e proteger
mas se orgulha de oprimir e sorrir?